sábado, 28 de março de 2009

MADDOX E A EMULSÃO DE GELATINA COM BROMETO DE PRATA

Richard Leach Maddox, em 1975


Em setembro de 1871, um médico e microscopista inglês, Richard Leach Maddox, publicou no British Journal of Photograph, suas experiências com uma emulsão de gelatina e brometo de prata como substituto para o colódio. O resultado era uma chapa 180 vezes mais lenta que o processo úmido, mas aperfeiçoado e acelerado por John Burgess, Richard Kennett e Charles Bennett, a placa seca de gelatina estabelecia a era moderna do material fotográfico fabricado comercialmente, liberando o fotógrafo da necessidade de preparar as suas placas.

Rapidamente várias firmas passaram a fabricar placas de gelatina seca em quantidades industriais.
Burgess comercializou a emulsão de brometo de prata e gelatina engarrafada, mas os resultados não foram satisfatórios devido a presença de sub-produtos tais como nitrato de potássio. Em 1873, Kennett vendia emulsões secas e placas preparadas com bastante sensibilidade à luz. Em 1878, Bennett publicou que conservando a emulsão a 32o centígrados por quatro a sete dias, se produzia uma maturação que aumentava a sensibilidade.


Hermann Wilhelm Voguel, em 1974

Em 1873, o professor de fotoquímica em Berlin Hermann Wilhelm Voguel, descobriu que podia aumentar a sensibilidade, a uma gama maior das radiações actínicas, quando banhava a emulsão com certos corantes de anilina. Estas emulsões, chamadas ortocromáticas, passaram a ser, além do azul, sensíveis à cor verde. Em 1906 já era comercializada as emulsões pancromáticas, sensíveis ao também à luz laranja e vermelha. Fabricantes britânicos como Wratten & Wainwrigth e The Liverpool Dry Plate Co., em 1880, monopolizaram a fabricação de placas secas. Logo as fábricas de todos os países passaram a imita-los, até que em 1883 quase nenhum fotógrafo usava material de colódio. Na Alemanha, Otto Perutz, de Munich em 1882, e a Agfa AG, de Berlin, em 1883 fabricavam chapas secas de qualidade.

As placas secas de gelatina, apesar de serem muito mais cômodas que o colódio, tinham o inconveniente de serem pesadas, frágeis e se perdia muito tempo para substituir a placa na câmera. Assim as novas tentativas visavam substituir o vidro por um suporte menos pesado, frágil e trabalhoso. Em 1861, Alexander Parkes inventando o celulóide solucionava de certa forma o problema pois John Carbutt, um fotógrafo inglês que havia imigrado para a América, convenceu em 1888 a um fabricante de celulóide a produzir folhas suficientemente finas para receber uma emulsão de gelatina. No ano seguinte a Eastman Co. começou a produzir uma película emulsionada em rolo, feita com nitrato de celulose muito mais fina e transparente e, em 1902 já era responsável por 85% da produção mundial.

Cartaz de propaganda da câmera Kodak da Eastman Co. em 1889

Eastman, em 1888, já produzia uma câmera, a Kodak n.1, quando introduziu a base maleável de nitrato de celulose em rolo. Colocava-se o rolo na máquina, a cada foto ia se enrolando em outro carretel e findo o filme mandava-se para a fábrica em Rochester. Lá o filme era cortado em tiras, revelado e copiado por contato. O slogam da Eastman "Você aperta o botão e nós fazemos o resto" correu o mundo, dando oportunidade para a fotografia estar ao alcance de milhões de pessoas.



A 1º FOTOGRAFIA DE UM "CRIME"

Secondo Pia, em 1890

Secondo Pia, foi um advogado italiano e fotógrafo amador. Ele é mais conhecido por tirar as primeiras fotografias do Sudário de Turim, em 28 de maio de 1898. A imagem obtida a partir da mortalha que ele tenha sido aprovado pela Igreja Católica Romana, como parte da devoção ao Santo Rosto de Jesus.

Pia nasceu, no Piemonte, e embora ele era um advogado, que ele estava interessado em arte e ciência, e tanto quanto no início de 1870 começou a explorar as novas tecnologias da fotografia. Em 1890 ele foi um vereador da cidade de Turim e um membro da Amateur Fotografos' Club. Ele era um conhecido fotógrafo de Turim e de exemplos de suas outras fotografias são agora parte da coleção histórica na Turim Cinema Museum. Ele também pode ser considerado um pioneiro no campo da fotografia para a utilização de lâmpadas eléctricas elétrica no 1890, uma vez que lâmpadas eléctricas foram uma novidade no final do século XIX, inventadas por Thomas Edison em 1879.


Negativo de parte do Sudário, por Secondo Pia em 1898


A 28 de Maio de 1898, o fotógrafo italiano Secondo Pia tirou a primeira fotografia ao sudário e constatou que o negativo da fotografia assemelhava-se a uma imagem positiva do homem, o que significava que a imagem do sudário era, em si, um negativo. Esta descoberta lançou o mote para uma discussão científica que ainda hoje permanece aberta: o que representa o sudário?



O FOTOGRAFO DOS ARTISTAS E DAS ALTURAS




Félix Nadar em 1860


Nasceu em Paris em 1820 e morreu em 1910. Celebridade como fotógrafo, cobrava caro os seus trabalhos, retratando a alta sociedade. Em "Retrato de Sarah Bernhardt", a imagem da atriz sobressai do fundo liso e escuro.

Seu nome verdadeiro era Gaspard-Félix Tournachon. Ele era caricaturista, escritor, fotógrafo de retratos e baloeiro e diretor de circo. O nome Nadar foi obtido a partir do seu apelido ( "Tourne um dard") significa "amargo Picava", que ganhou a sua caricatura. Ele tinha um estúdio de retratos com seu irmão Adrien, a partir de 1853 em Paris.

Combinando o seu interesse em balão voando, em 1858, ele recebeu uma patente para isto, e se tornou o primeiro a tirar fotos a partir do ar. Seu balão era enorme, sendo capaz de transportar até cinqüenta homens. O balão tinha a sua própria câmara escura, o processo no momento em que exijam exposição e revelação, enquanto a placa ainda estava molhada.

Caricatura de Nadar em seu balão sobre Paris, por Daumier em 1862

Foi o primeiro a tirar fotografias subterrâneas com luz artificial, financiou a construção de um balão para tirar fotos aéreas e manteve um estúdio no sul da França, em Marseille, durante as duas últimas décadas do século XIX.

Em Abril de 1874, cedeu o seu estúdio de fotografia a um grupo de pintores (Monet, Renoir, Pissarro, Sisley, Cézanne, Berthe Morisot e Edgar Degas), numa altura em que o impressionismo era rejeitado pela crítica, o que lhes possibilitou apresentarem a primeira exposição de impressionismo, sem ser no Salon des Refusés (Salão dos Recusados). Em 1885 fotografou o escritor Victor Hugo na sua cama, logo após a sua morte. É referido como sendo o autor (em 1886) da primeira "entrevista fotográfica" (do químico Michel Eugène Chevreul). Tirou também fotografias com motivos eróticos.

A 21 de Março de 1910 Nadar faleceu, tendo sido enterrado em Paris, no cemitério do Père-Lachaise.

Victor Hugo no leito de morte, tirada por Félix Nadar em 1885 e impressa por Paul Nadar em 1920

Eugene Delacroix, por Félix Nadar em 1962
Honore Daumier, por Félix Nadar em 1870





O FOTOGRAFIA COM NEGÓCIO NO BRASIL DURANTE O 2º REINADO

Alberto Henschel e Constantino Barza 1870


Alberto Henschel (Berlim, 13 de Junho de 1827 — Rio de Janeiro, 30 de Junho de 1882) foi um fotógrafo teuto-brasileiro, considerado o mais diligente empresário da fotografia no Brasil do século XIX, com escritórios em Pernambuco, Bahia, Rio de Janeiro e São Paulo, Henschel foi também responsável pela vinda de outros fotógrafos profissionais ao país, como o seu compatriota Karl Ernest Papf — com quem trabalharia mais tarde — e seu filho, Jorge Henrique Papf, que sucederia ao pai no ramo da fotografia.

Henschel ficou conhecido por produzir belas imagens do Rio de Janeiro como fotógrafo paisagista e por ser um excelente retratista, o que lhe rendeu o título de Photographo da Casa Imperial, habilitando-o a retratar o cotidiano da monarquia brasileira durante o Segundo Reinado, inclusive fotografando o imperador Dom Pedro II e sua família. Esse título valorizaria muito suas fotos, inclusive no preço.

D. Pedro II, por Alberto Henschel em 1975

Mas, certamente, sua principal contribuição à história da fotografia no Brasil foi o registro fotográfico de todos os extratos sociais do Brasil oitocentista: retratos, geralmente no padrão cartão de visita, foram tirados da nobreza, dos ricos comerciantes, da classe média e dos negros, tanto livres como escravos, em um período ainda anterior à lei Áurea.

Henschel desembarcou no Recife em maio de 1866, junto com o também alemão Karl Heinrich Gutzlaff, com quem associou-se para criar um estúdio fotográfico na rua do Imperador, número 38. Inicialmente denominado Alberto Henschel & Cia, o estúdio passou a chamar-se Photographia Allemã, mudando-se em seguida para novo endereço, no largo da Matriz de Santo Antônio, número 2. Pelo fato de ter montado seu negócio logo que chegou ao Brasil, presume-se que Alberto já fosse um experiente fotógrafo e tencionasse engajar-se no promissor negócio da fotografia em um mercado ainda pouco explorado.

Vendedora de frutas na rua por Alberto Henschel em 1970


Escrava negra, por Alberto Henschel em 1970


No fim dos anos 1860, as casas de fotografia em Recife e Salvador já produziam retratos de pessoas de origem africana, escravas e livres, com a diferença de retratá-las à vontade e com dignidade, como indivíduos e não como objetos.

Henschel sempre se manteve atualizado com as últimas novidades técnicas do mercado fotográfico. Quando o padrão estético de fotografia carte-de-visite começou a ganhar o mundo, Henschel já dominava a técnica, a qual utilizou em grande escala em seus estabelecimentos.

Em 1870 Henschel morreu, apenas alguns meses após estabelecer-se em São Paulo. Entretanto, suas empresas, sob o comando de outros empresários, continuariam estrategicamente utilizando seu nome ainda por vários anos, tendo em vista o grande prestígio que a marca "Henschel" adquirira.



O FOTOGRAFO DO INVISIVEL E DAS AURAS HUMANAS

Dr. Hippolyte Baraduc


Dr. Baraduc, foi um dos grandes especialistas de doenças nervosas. Seus estudos sobre a histeria e seus métodos terapêuticos tiveram grande autoridade até o dia em que conheceu a fotografia, quando as coisas oscilaram, quando os fantasmas vieram ao seu encontro nas suas fotografias.

Um dia, fotografou junto a uma janela seu próprio filho que segurava um faisão morto há pouco. A fotografia revelada mostrou-se velada. Uma espécie de nuvem vaporosa, curva, desdobrava-se em leque ao redor da criança com o faisão e parecia fugir pela janela. O Dr. Baraduc viu ali pela primeira vez a aura de uma alma sensível (como uma placa) – a da criança impressionável (como os histéricos), cujos estados de alma podem se inscrever na placa fotográfica. Esse veu, essa velação, esse espectro, Baraduc decidiu lê-lo como a marca da imagem de uma “graça”, como o traço de um “luz invisível”, como um fantasma de um pensamento e de um sentimento experimentado por um individuo em um dado momento. Eis a experiência inaugural.


A aura da alma humana por Dr. Baraduc, em 1896


Afinal, o veu dessa luz invisível, que é a “luz da alma”, Baraduc vai, a partir de então, persegui sistematicamente, tentar o tempo todo suscita-lo e reproduzi-lo experimentalmente. Depois vai descrever e tipologizar as auras provocadas e fotografadas dessa maneira, de acordo com sua forma, sua textura, sua densidade, sua distribuição etc. O Dr. Baraduc vai elaborar aos poucos uma “teoria dos espectros” à sua maneira inventando e denominando mil conceitos diferentes: força curva, força vital, nimbos e etc.


Fotografia da esposa do Dr. Baraduc, 20 minutos

após a sua morte, por Dr. Baraduc em 1898


A alma humana, por Dr. Baraduc em 1895


Desse modo, por meio de repetições , aproximações e recortes sucessivos, pode constituir-se uma espécie de tipologia dos espectros de afetos, dos fantasmas de paixão. É esse o trabalho da fotografia supra-sensível das forças vitais.

Finalmente, e isso constitui, acredito, um ponto duplo de resultado de todo esse trabalho de delírio cientifico, por um lado Baraduc começou a fotografar corpos mortos, “ ainda quentes”, para que as força vital transmitisse suas irradiações. Procurava com isso algo como a assinatura de alguns fantasmas “verdadeiros”.






A FOTOGRAFIA NA CIÊNCIA FORENSE


Alphonse Bertillon (1853-1914)


Bertillon, era filho do médico e professor Louis Bertillon, foi um criminologista e antropólogo francês que criou o primeiro sistema de medições físicas, fotografia e de manutenção de registros que a polícia poderia usar para identificar criminosos reincidente. Antes de Bertillon, suspeitos só poderia ser identificado através do testemunho de pessoas. Bertillon começou sua carreira como um escriturário registros no departamento da polícia parisiense. Seu amor de forma obsessiva o levou a rejeitar a não sistemática dos métodos utilizados para identificar suspeitos e motivado para ele desenvolver seu próprio método, que combinou medição sistemática e fotografia. Em 1883, a polícia parisiense aprovou o seu sistema antropométrico, chamado de signaletics ou bertillonagem. Os indivíduos eram identificados através de medições da cabeça e do corpo, forma e formações da orelha, sobrancelha, boca, olhos, etc, marcações individuais, tais como tatuagens e cicatrizes, personalidade e características. As medições eram feitas e inseridas em uma fórmula que refere a um único indivíduo, e registrados em cartões que também suportaram uma fotografia frontal e de perfil do suspeito (o "mug shot"). Os cartões eram então sistematicamente arquivados e indexados, para que pudessem ser facilmente recuperados. Em 1884, após uma demonstração identificando cerca de 241 reincidentes, a “bertillonagem” foi aprovado pelas forças policiais da Grã-Bretanha, Europa e nas Américas.




Alphonse Bertillon em 1885 Arquivos criminais do metodo Bertillonagem,1887


Um das contribuições mais importantes de Bertillon para ciência forense foi o uso sistemático da fotografia para documentar a cena de crime afim de gerar provas. Ele concebeu um método de fotografar crime cenas com uma câmera montada sobre um tripé alto, para o documento e vistoria a cena antes de ter sido perturbado por investigadores. Ele também desenvolveu a técnica chamada de "métrica fotografia", que servia para medir o espaço e distância de objetos utilizados na cena do crime.




Fotografia com tripé na cena do crime, por Alphonse Bertillon em 1890



Fichas criminais, porAlphonse Bertillon em 1885

Em meados da década de 1890, Bertillon tinha alcançado fama internacional, através de artigos em publicações populares e exposições internacionais. Ele lutou contra os que veementemente defendida dactiloscópicos identificação, mas acabou incorporada impressão digital em seu sistema, embora não aceitasse com identificação. Trabalhou também para promover o desenvolvimento de outras técnicas forenses científicos, tais como análise caligráfica.


Fichas criminais com impressões digitais, por Alphonse Bertillon em 1891




Fotografia criminais , Polícia de Nova York em 1914