sábado, 28 de março de 2009

O FOTOGRAFO DO INVISIVEL E DAS AURAS HUMANAS

Dr. Hippolyte Baraduc


Dr. Baraduc, foi um dos grandes especialistas de doenças nervosas. Seus estudos sobre a histeria e seus métodos terapêuticos tiveram grande autoridade até o dia em que conheceu a fotografia, quando as coisas oscilaram, quando os fantasmas vieram ao seu encontro nas suas fotografias.

Um dia, fotografou junto a uma janela seu próprio filho que segurava um faisão morto há pouco. A fotografia revelada mostrou-se velada. Uma espécie de nuvem vaporosa, curva, desdobrava-se em leque ao redor da criança com o faisão e parecia fugir pela janela. O Dr. Baraduc viu ali pela primeira vez a aura de uma alma sensível (como uma placa) – a da criança impressionável (como os histéricos), cujos estados de alma podem se inscrever na placa fotográfica. Esse veu, essa velação, esse espectro, Baraduc decidiu lê-lo como a marca da imagem de uma “graça”, como o traço de um “luz invisível”, como um fantasma de um pensamento e de um sentimento experimentado por um individuo em um dado momento. Eis a experiência inaugural.


A aura da alma humana por Dr. Baraduc, em 1896


Afinal, o veu dessa luz invisível, que é a “luz da alma”, Baraduc vai, a partir de então, persegui sistematicamente, tentar o tempo todo suscita-lo e reproduzi-lo experimentalmente. Depois vai descrever e tipologizar as auras provocadas e fotografadas dessa maneira, de acordo com sua forma, sua textura, sua densidade, sua distribuição etc. O Dr. Baraduc vai elaborar aos poucos uma “teoria dos espectros” à sua maneira inventando e denominando mil conceitos diferentes: força curva, força vital, nimbos e etc.


Fotografia da esposa do Dr. Baraduc, 20 minutos

após a sua morte, por Dr. Baraduc em 1898


A alma humana, por Dr. Baraduc em 1895


Desse modo, por meio de repetições , aproximações e recortes sucessivos, pode constituir-se uma espécie de tipologia dos espectros de afetos, dos fantasmas de paixão. É esse o trabalho da fotografia supra-sensível das forças vitais.

Finalmente, e isso constitui, acredito, um ponto duplo de resultado de todo esse trabalho de delírio cientifico, por um lado Baraduc começou a fotografar corpos mortos, “ ainda quentes”, para que as força vital transmitisse suas irradiações. Procurava com isso algo como a assinatura de alguns fantasmas “verdadeiros”.